Livre como um escravo de si
“Porque
a vida só se dá pra quem se deu. Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem
sofreu.”
(Vinícius de Moraes)
Tomás,
assim seus pais o denominaram quando veio ao mundo em 1991. Fora sempre uma
criança travessa e livre, não por inexistência de regras, mas por sua natureza
indomável. Não tinha medo nenhum de aventurar-se por aí, seu único pavor era
relacionar-se com as pessoas. Nada que fosse muito notável, apenas tinha receio
em construir fortes ligações.
No
colégio fazia o estilo popular. Falava com todos, mais velhos, mais novos, não
tinha vergonha alguma em se enturmar. Era figurinha fácil em eventos fossem
eles formais ou não. Cresceu assim, não havia uma pessoa sequer na sua pequena
cidade que não o conhecesse e não tivesse conhecimento das suas histórias,
muitas apenas frutos da imaginação.
Sua
inteligência, um fator admirável, era capaz de resolver cálculos, por mais
complicados que fossem em uma velocidade absurda. Poderia ser considerado um
visionário, seus planos estavam sempre a um passo na frente dos demais. Com
seus 21 anos já se sustentava sem a ajuda dos pais e tinha um bom padrão de
vida.
O
número de mulheres com as quais já havia tido algum caso, ocasional ou não, era
exorbitante. E a quantidade de amigos que possuía era inversamente
proporcional, se é que poderíamos chamar de amigos, algumas pessoas com quem
ele conversava rotineiramente. Mas ele não se importava, não queria ninguém
sabendo demais sobre seus segredos, isso poderia tornar seus pontos fracos
alvos fáceis.
Tomás
ingeria álcool em grandes quantidades e com freqüência, afirmava ser só
diversão, para relaxar o estresse do trabalho. Entretanto, ele se afogava junto
com cada gota que descia em sua garganta e o ardor rasgava o que ele queria
gritar a todos. Então se calava e quando estava sozinho seus olhos cobriam-se
por uma tempestade, não poderiam saber disso, chorar não é coisa pra “macho”.
Escondia
bem fundo nos seus olhos castanhos seus medos e angústias. Suas indecisões
ficavam um pouco mais no raso e salientavam de vez em quando. E ele negava,
sempre negava. Não podia se expor, não queria se expor. Durante sua vida
inteira conviveu sozinho com isso.
Fez
muitas coisas apenas para agradar ou mostrar algo aos demais, deixou de fazer
outras pelo mesmo motivo. Tomás era um solitário, por opção, e isso não era
negativo, talvez triste. Não confiava nas pessoas, tinha medo de que o fizessem
sofrer. E tudo se acumulava: amor, dor, rancor. Nunca expressara claramente
para ninguém o que sentia e por isso nunca saberia se seria correspondido ou não.
Não
sentiria jamais a emoção e a comoção de entregar-se verdadeiramente a algo ou
alguém. Não seria ele mesmo jamais. Contudo, o que mais comovia era sua
fraqueza, não por ser assim, mas por negar-se a pedir ajuda e omitir-se. Lamentavelmente
ele desconheceria o viver e um dia iria explodir...
Gabriela
Castro Lima Aguiar
Muito bom Gabi, genial :))
ResponderExcluirObrigada Gabi Santos, cadê o Nero? kkkkkkk
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