Fragmentos de uma lembrança
Tilintava,
Em um cântico sereno de vozes ao
luar. Ouvia espasmos angustiantes de sussurros no ar, sua mente desconexa
projetava imagens disformes. Criava seres inexistentes e desvendava mistérios
encobertos de uma gama de riquezas peculiares. Estava sozinha, no momento em
que o vento cobria-lhe o rosto com seus cabelos sedosos cheirando a um xampu
floral.
Era um tanto quanto surreal, mas suas
reflexões sempre foram assim. Desde menina via e sentia o que ninguém conseguia
captar. Lia expressões e olhares com uma facilidade absurda. Alguns chamavam de
sensibilidade, outros designavam dom. E então uma poeira turva subiu,
bloqueando seu tempo.
Vivia em outras Eras, já havia sido
duquesa e tornado-se princesa, porém abandou tudo num ímpeto que denominavam de
paixão. E para trás ficaram ouro, jóias, família, amigos e uma vida miserável
de conformidade. Seria uma experiência turbulenta e ela já havia acatado a
idéia como uma ordem, inteirava-se de tudo com um sabor de felicidade.
Na sua fuga descobriu-se corajosa.
Enfrentou obstáculos que seriam impossíveis e usando apenas sua criatividade.
Um sorriso surgiu-lhe no rosto ao resgatar essas lembranças. Apesar de ter sido
um período exaustivo o valor de tudo aquilo somava um valor gigantesco,
multiplicava-se a euforia e a satisfação. Permaneceu por um momento inerte aos
seus sentimentos, permitira-se naquele instante reviver tudo na sua memória.
Sua concentração fora quebrada por
algum ruído qualquer e com ele vieram as lembranças do final dessa história.
Abriu os olhos e pôde se ver no escuro da sua varanda, trancada como uma
criminosa das mais diversas falcatruas. Nem ameaçou chorar, não existiam mais
lágrimas para isto. Seu parceiro havia sido capturado, mas ela sabia que ele
escaparia, ele sempre o fazia. Quando o perdeu de vista chegou a pensar que
havia lhe deixado, só quando foi obrigada a retornar ao seu antigo lar soube o
que acontecera.
Entretanto não se viram mais, ele
fugira para sobreviver e ela aceitara o casamento imposto para o mesmo. Seria
infeliz, disso já soubera no momento em que ele desaparecera, mas esperaria
pacientemente porque num futuro bem longe se reencontrariam e lá teriam
oportunidade para serem felizes de novo.
Gabriela Castro Lima Aguiar
This excerpt is from which his work?
ResponderExcluirexcellent...
bejú madam..
Déba
Adorei sua versatilidade de línguas aí kkkkkk De nenhuma, no momento haha
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