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Mostrando postagens de 2011

Expressão

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Um emaranhado que se entrelaça Um fio de pensamento que se desfaz Num momento oportuno, fingia Num momento só seu, sorria Deslocada coerentemente entre os eixos O yin lhe escorria pelos dedos O yang lhe soprava os cabelos E no círculo complexo se prendia Não mais que vastos campos enxergava Flores campestres com seus aromas deliciosos E a chuva que transborda no céu ainda mais AH! Sentia finalmente o tremor da liberdade          Gabriela Castro Lima Aguiar

Joguinhos

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                           Eu gosto de joguinhos, aguçam a curiosidade de uma maneira supreendentemente interessante. É uma questão de adivinhação, que quando se acerta existe uma somatória magnifíca de pontos. Jogar estimula sua capacidade de suprender tanto aos outros quanto a si mesmo. É uma oportunidade de descobrir-se e ser descoberto, encobrir-se apenas quando muito necessário. As surpresas, boas, conseguem dar mais emoção a partida e incentivar seu prosseguimento. Mas as regras são claras, não vale inventar alguma personalidade ou copiá-la para tentar se sair bem, ser verdadeiramente original é a meta. É bem óbvio que melhor é quando se ganha o jogo, porém é bem mais instigante quando se perde. Gabriela Castro Lima Aguiar

Grafada em amor

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                            "E o verdadeiro amor de quem se ama tece a mesma antiga trama que não se desfaz"                                                                     (Vinícius de Moraes)       Desde os primórdios milhares de cartas atravessam o mundo exacerbando seus sentimentos: amor, raiva, rancor, tristeza, saudade, alegria, vitórias. Os destinatários são os mais diversos e os remetentes os mais corajosos, pois não são todos que escrevem em linhas o que lhes aflora. Mas nada se compara as letras grafadas em amor, sejam exatamente elas ou seus desdobramentos            É sempre a coisa mais bonita a se falar, mesmo quando se é triste. Quem não gosta de ler ou saber sobre o amor? E podem ser cartas de outras pessoas, mas nada é melhor do que quando essas são enviadas a você. E principalmente quando o sentimento de retorno é recíproco.            Uma carta transborda tantas emoções e todas são reservadas a você. É como se sentir uma pessoa única perante bilhõ

Terceira sutileza

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                                           Definiam-o como gentleman, uma mistura um pouco medieval de cavalheirismo com um certo ar de intelectualidade. Moreno, aproximadamente 1,80m e discreto. Sempre pensava três, exatas três vezes, antes de agir, esse talvez fosse seu maior problema. Seu signo era alguma coisa com ascendente em capricórnio.            Elogiava as mulheres, com palavras que nenhum homem da sua idade ousaria pronunciar, elas provinham provavelmente de alguma literatura que o prendia. Mas quando se tratava especificamente de uma moça, todos os versos lhe sumiam da cabeça e a voz se tornava falha e o pior de tudo, fria.             Sara era seu amor secreto desde que a vira pela terceira vez, estranha conhecidência de números, talvez se apaixonara por ela justamente por pensar três vezes nisto. Ora pois, no terceiro dia que a vira com um vestinho azul comportado lendo livros de Machado de Assis, tinha certeza que era a ela que queria.                 A observava quando

Soneto de Poesia

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                                               Por Gabriela Castro Lima Aguiar e Rodrigo Castro Lima Silva do Amaral Em um emaranhado de vozes só ouço a minha Ideia, batente, relutante em busca de espaço A ânsia por obter a inspiração apavora-me Mas sinto-me feliz, por ao menos tê-la comigo Não me importo que ninguém compreenda Sou um visionário,romântico, alegre, a moda antiga E as minhas demonstrações são tolamente descritas Por gestos e compaixôes sobre outras vidas As plenitudes vividas talvez transcorram em afetos Em momentos, em lembranças, boas ou ruins de qualquer dia No silêncio frio da minha escrivanhia   Descanso minha pena,descanso minha tinta E na minha mente o vazio se preenche Encoberto por uma negra camada de tinta...

Obsessão

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Em um júbilo singelo do amor que urrava entre seus dentes Soube no mesmo instante que aquele era teu sorriso estridente Nunca antes fora capaz de me dizer um simples não Agora tentas me arrancar tudo com um desequilibrado empurrão Tu bem sabes que nunca fui de queixar-me Embora tenha feito isso contra minha vontade Porém o que possuía desvaneceu-se em suspiros Longos, profanos e provavelmente ungidos É indigno que todas essas letras lhe sejam escritas Mas se não lhe escrevo quem o fará? Não que sejas pouco querido, nem ao contrário Apenas tomo em minhas mãos tudo que sinto Não quero mais o fardo de receber teus punhos fechados E então a consciência chega a ter dimensões desproporcionais Mas o que queres afinal com isto? Apenas não desejo ser passiva eternamente. Gabriela Castro Lima Aguiar

Outubro

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Eis que tu chegas devagarinho Com a sutileza vagarosa de um passarinho E em pouco tempo cobre minhas aflições Como se outrora existissem distrações O clima que tu trazes é diferente Ou pelo menos a mim é inerente O calor que se porta agradável Ou  uma chuva  por mim esperavél Em plenitude tu me trazes satisfação Na infância, certa apreensão Ansiava os dias para tua chegada Que hoje ainda é bem esperada E sou inundada por uma alegria compatível De risos, recordações e um tempo íncrível Então, em diferenças todo ano te descubro Que venha meu amado Outubro! Gabriela Castro Lima Aguiar

Marcos em um papel

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Ele rabiscava linhas soltas no papel com tamanha destreza que era praticamente possível sentir o desenho criando formas, a ponta do lápis subia e descia com precisão, por vezes curvava-se. Assim como algumas partes da bela mulher a qual ele desenhava. Havia sonhado com ela durante noites seguidas, mas nem sequer a conhecia, era uma estranha, que inundava seus sonhos com tanta beleza e classe. Sim, era uma mulher firme, tanto fisicamente quanto emocionalmente e seus rabiscos eram capazes de transbordar tamanha sensação. O lápis corria, a mente vagava, num paradoxo quase impossível de se compreender, mas afinal, assim era o amor, por mais absurdo que fosse, sentia que amava aquela mulher fantasiosa. A eloqüência dos fatos poderia levar-lhe a loucura, porém insanidade maior seria não obter aquela imagem ao seu lado. Em pouco tempo isso poderia tornar-se uma obsessão, mas não, era um homem centrado, desenhista nato com anos de experiência, uma tela qualquer não o levaria a perder totalmen

Para Silvia...

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Não sei se tenho palavras para escrever-te nesta carta, por ti agora só tenho lágrimas. Me deixaste sem maiores explicações apenas com um bilhete borrado e frio, sim, muito seco para mim. Durante todo o nosso casamento fiz tuas vontades e me dediquei a ti, somente a ti. Então por que motivo me abandona assim e ainda é capaz de afirmar que eu a impedi de construir ou realizar teus sonhos? Não posso me referir a ti com outra palavra que não seja ingratidão ou desafeto, em todos os nossos dias juntos nunca me disseste uma única vez que não era feliz ou que se sentia incompleta. Apenas me jurava amor e me agradecia por ter entrando em tua vida, agora me tira dela sem nenhum direito de resposta. Mas vá, siga teus sonhos, não vou correr atrás de quem tanto me magoou, amo você como jamais imaginei que existisse amor, mas tudo nessa vida é passageiro, tanto o amor, quanto a dor. Espero que encontres o que procuras, mas espero que sinta o vazio do teu coração apertar quando notar o erro que

Para Joaquim...

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                             Para Joaquim,      Olho para o chão, milhares de papéis jogados e centenas de palavras amassadas. São todas consequências de uma mente insensata, com palavras incompletas e frases malditas.                 Foram diversas as tentativas de escrever-te esse bilhete, mas na minha cabeça só sussurravam zumbidos e imagens desconexas. Prontifiquei-me a organizar, não só as palavras, mas também as recordações. E, novamente, a caneta voltou a rabiscar e preencher o espaço branco do papel. Seria tão agradável se fosse fácil assim completar outros vazios... Então, outro devaneio e, pronto, mais um arremessado para completar a coleção.                 A rotina se restabelece, assim como alguns pontos molhados em meus olhos. Dessa vez não são só os dizeres que borram e extrapolam da carta, os meus sentimentos gritam a tal ponto que já não posso ouvir a música que coloquei ao fundo.               Pego com os dedos trêmulos as pontas do papel e ameaço a

Uma melodia

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           É interessante o que tu me perguntas, mas não tenho como te responder. E mesmo que o tivesse assim não o faria, por ser arriscado demais, entrar em um joguinho de palavras inconstantes que outrora tornariam-se uma armadilha.     Se se sentir incomodado pode vociferar palavras irritantes, juro que não me incomodo, aliás por que deveria me manifestar contra ou ao seu favor? Eis que aqui começo o meu jogo, não vês como é gratificante te ver afundar e enlouquecer em dúvidas incoerentes? Talvez isso faça parte de um certo charme feminino, te ver assim, tão desesperado em me traduzir enquanto não enxerga o óbvio saltitando abaixo do teu nariz.       Mas não, tu não terás o prazer de me decifrar tão rapidamente, inclusive, não sou nenhuma música escrita numa partitura com cifras bem delineadas. Posso até ser, mas tenha certeza de que essa canção tu nunca vistes antes. Sem culpas, afinal quem está acostumado ao habitual perde o ritmo e a elegância.     Não quero jamais que tu se si

Um rio de prantos e encantos

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                    "O rio atinge seus objetivos porque aprendeu a contornar obstáculos"                                                                  (Lao Tsé)        Tive dois grandes amores, de bem verdade pouco os possui e muito os amei. Talvez o meu modo de entregar a minha felicidade aos outros torne tudo isso mais dramático ou talvez me mostre que a rota certa não é bem essa.    O primeiro, o qual dizem que a gente nunca esquece, foi bastante forte e avassalador. Ele era um meninão e nós éramos um pouco jovens, esse fato porém deve ter contribuído para a nossa paixão sem precedentes. Nos meus sonhos mais rasos e provavelmente nos mais fundos, seríamos um só até  a eternidade, entretanto tudo possui um final, nesse caso não foi tão feliz. Nos casamos, mas durou pouco mais de dois anos, incompatibilidade de gênios e a jovialidade sem muitos compromissos nos impediram de continuarmos juntos.    Conheci o meu segundo amor enquanto ainda derramava pr

Mais um romance moderninho

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           Eram impossíveis, insanos, intensos, tudo o que desejavam consumiam a flor-da-pele, não havia vergonha alguma em ser extravagantes em causar. Não tinham problemas em esconder "coisas erradas", aliás quem foi o idiota mesmo que estabeleceu o certo e o errado? Pra eles a validade de cada circunstância era a diversão e o que os outros pensavam? Quem se importa mesmo? Todo mundo tem contas a acertar e podem ter certeza de que não seria nenhuma dessas pessoas que pagaria a deles.      A vida de Maíra e César não era diferente da vida das demais pessoas, eles apenas utilizavam um estilo todo particular de resolver problemas e quem sabe nem tê-los. Dificilmente algo lhes causava impacto, mas existiam duas palavrinhas que faziam tremer a espinha dorsal: amor e relacionamento, não necessariamente nessa ordem, afinal o que importa é o resultado.       Se conheciam há 5 anos, amigos inseparáveis, farras, festas, bebidas, estudos, conselhos, pegações, risos, brigas... Sim, bri

Não há título que sintetize

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           Olhava-me no espelho enquanto outro pedacinho de mim se esvaia por entre meus dedos. Mas eu não ia chorar, prometi a mim mesma e aos que acreditavam em mim. Encontrei todo apoio necessário na minha família e amigos, quando estava quase definhando, muito abaixo do peso, eles estavam lá para me alegrar, cobrindo-me de elogios e palavras bonitas.             Eu cheguei a atravessar o fundo do poço, não queria mais viver e nem pensava ter forças para isso. Nas semanas em que passei no hospital tinha certeza de que seriam as últimas, não lutava, não me esforçava e nem sorria.  Perdia meu tempo me lamentando, sendo agressiva com os outros e procurando algum culpado.             Tão jovem, 25 anos, e condenada àquele terrível fardo. Meus pais já estavam desesperados, tentavam de tudo, mas nada surtia efeito; padres, psicólogos, terapeutas, velhos amigos, nada adiantava.             Um dia, contra minha vontade, fui levada a ala do hospital onde tinham outros enfermos como eu. E um