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Mostrando postagens de maio, 2015

Álvaro Vince, sem roteiros (Parte III)

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As ruas da cidade estavam quase vazias. Eram poucas as que pessoas circulavam tarde da noite, ele pensou. Provavelmente seria por isso que aquele fosse seu horário preferido para dar uma volta. A cidade tinha mesmo um tom melancólico. O barulho do vento assoviava ao balançar as portas de ferro de algumas casas aparentemente abandonadas. Se acrescentasse um uivo, com certeza seria a descrição perfeita de um filme de terror. Desses em que vítimas são perseguidas e conduzidas pelo seu algoz sem nem perceber e quando se dão conta, a morte é uma certeza. Sorriu irônico. Deveria colocar o velho Getúlio numa armadilha dessas. Só para ter certeza de se o coração dele aguentaria uma dose extra de sustos e adrenalina. Mas o velho estava mais para o “caçador”, do que para vítima. Ah, isso ele nunca seria de verdade, “a vítima”. Caminhou até uma pracinha iluminada. Banquinhos de madeira estavam espalhados perto de grandes árvores. Alguns jovens veriam aquilo como romantismo, um lugar id

Álvaro Vince, sem roteiros (Parte II)

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Bateram à porta do seu quarto. Pelo horário devia ser o serviço do hotel trazendo o jantar. Eram pontuais e ele gostava disso. Abriu a porta e deu de cara com os olhos negros e sombrios, era um hotel bem pequeno, a camareira deveria exercer várias outras funções, ele presumiu. - Sr. Vince, o jantar que foi pedido. – Ela apontou com a cabeça para a bandeja de comida. - Pode entrar e servir na mesa que está vazia - Ele respondeu seco. A mulher um pouco baixa e muito séria entrou no quarto e começou a preparar a mesa para o jantar. Álvaro observava-a atentamente, ela seria uma boa inspiração para algum personagem. Tinha certeza disso. - Algum problema senhor? – Ela indagou-o com o rosto duro. - Não. Qual seu nome? - Débora – Ela foi incisiva. - Combina com você. - Dizem – Débora deu uma resposta inconclusiva– Tudo pronto aqui. Boa noite e boa ceia – Pegou a bandeja vazia e retirou-se batendo a porta. Álvaro achou curioso uma mulher que falasse tão pouco, principalme