Praia do Arqueiro
Dirigi no automático por mais ou menos duas horas, ou pelo menos eu achei que tivesse sido. Só fui me dar conta de para onde eu estava indo quando cheguei no local. Uma espécie de refúgio para algumas aves perdidas e para almas que erraram o caminho. Mais almas do que aves. Respirei fundo no banco do motorista e contei até 10, mantendo o ritmo da inspiração e da expiração. Vi através da camada fina de neblina que meus companheiros pássaros estavam mais contentes do que eu. Isso era bom. Eles estavam alheios ao tempo. Fazia quase uma semana que não se via o sol. Eu gostava de dias nublados, mas, às vezes, as cores faziam falta. Desliguei o carro e fui de encontro ao mar. Não queria nem pensar no frio infernal que a água deveria estar, entretanto, ela melhor pensar em qualquer coisa do que em pessoas. As coisas não conseguiriam nos decepcionar, pelo menos não por vontade própria. Olhei para as aves entretidas com os siris na areia. A praia do Arqueiro lembrava o abandono. Antiga