A curta história de Relógio
Relógio era
solitário e triste. Não gostava de desempenhar a função para qual fora
designado. As pessoas sempre viam o seu badalar com ânsia ou aflição. Nunca
prestavam atenção no que ele realmente era.
Estava
pendurado naquela parede branca e fria há mais tempo do que conseguiria se
lembrar. E em todo esse “tempo” não vira nenhum sorriso sincero, mas presenciou
muitos dedos nervosos se cruzando e algumas lágrimas sendo derramadas. Ele
sabia que não era sua culpa, se pudesse, ajudaria...
As
pessoas costumavam reclamar que ele poderia passar mais depressa ou
simplesmente voltar o tempo. Mas Relógio não tinha o poder de fazer isso. Uma
vez ele até tentou... O máximo que conseguiu foi parar seus ponteiros, entretanto,
nada ao seu redor estagnou. Ele é que foi sozinho passar duas semanas no
conserto.
Relógio
ficava inconformado porque as pessoas não viam que ele podia marcar suas
melhores alegrias e, com algum tempo, curar as suas dores. Relógio adorava
badalar ao nascer do dia ou para anunciar a chegada da noite. Mas ninguém
notava... Ninguém prestava atenção nas coisas boas que ele fazia.
Ele
então decidiu aposentar seus ponteiros. E pediu muito para que na próxima vida
viesse numa forma mais legal. Pensou então que poderia ser dinheiro... Sempre
ouvia falar que “tempo era dinheiro”, dessa forma poderia atender melhor as
pessoas.
Pobre
Relógio... Mal sabia ele que essa nova forma traria muito mais reclamações e
tristeza do que a que ocupava agora.
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