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Mostrando postagens de janeiro, 2014

A apanhadora de sonhos

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Uma velha cabana renegada a sorte do tempo, diriam. Ou talvez a chamassem de casa abandonada com direito a fantasmas assustadores. Mas a única assombração real era o medo de que seu lar fosse destruído e por algum motivo banal a expulsassem de lá.             Ela morava naquela casa antiga há quase três anos. Foi um período difícil. Estava sozinha e carregava no ventre uma criança. Seus pais não entenderam que era fruto de um amor, nem seu parceiro sequer aceitou isso. Ele insistiu para que aquele pequeno ciclo da vida fosse interrompido, mas ela se recusou. Comprou com o pouco dinheiro que tinha a pequena cabana. Para sobreviver produziria e venderia pequenos artefatos místicos, uma coisa que sempre a interessou.             Por ser sua, e em parte por sentir-se como ela, decorou toda a cabana do seu jeito. Transferiram-se os mistérios de uma para a outra. Não se sabe ao certo quem dominava. Escreveu numa parede uma música que representava o caminho mais rápido para o seu inf

Nem tudo é um romance: a construção de Sophia

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Riscaram na minha pele, não sem dor, as asas de um pássaro. O mais estranho é que eu autorizei. E como se já não fosse muita audácia, ainda fiz questão de escolher o lugar. Costela. Esculpiram em mim o que Deus não havia me dado. Estava achando tudo o máximo, talvez fosse só o efeito das drogas que experimentei. Saí do estúdio, que cheirava hospital, tinha uns pôsteres de bandas de rock e algumas mulheres seminuas pintadas nas paredes, com um plástico vermelho cobrindo a vermelhidão da minha pele. Meus pais me matariam, mas foda-se. Eu ia arrumar minhas coisas e morar com uma amiga até meu apartamento ficar pronto. Ao chegar em casa, meu pai estava a minha espera. Ele tinha o dom de adivinhar quando eu aprontava e arrogância de nunca me elogiar quando fazia algo certo. Não lembro direito como ele viu a tatuagem, ainda estava chapada o suficiente quando o cinto veio de encontro as minhas pernas violentamente. Uma, duas, três... Minha mãe que assistira tudo desde o começo pediu

Diálogo bobo

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- Você tirou a sorte grande, gatona!             - Cala essa boca.             - Confessa que me ama.             - Prefiro morrer!             - Olha lá o que você tá dizendo hein?             - Quer que eu repita? P-R-E-F-I-R-O M-O-R-R-E-R             - Eu só posso sorrir disso.             - Faça o que você quiser, só cale essa maldita boca e me deixe em paz.             - Viiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiixe. Tá irritadinha é?             - Vai pro inferno.             - Ora vamos lá, é só você dizer que me ama.             - Deixa eu terminar a droga desse trabalho.             - E aí você vai dizer que me ama?             - Jamais.             - Tudo bem, tudo bem. Vou deixar você quieta. -------------------------------- xxxx-----------------------------             - Você tá tão calado...             - Não foi você que me mandou te deixar em paz?             - É.             - Estou obedecendo.             - E você me obedece desde quando mesmo