A apanhadora de sonhos
Uma velha cabana renegada a sorte do tempo, diriam. Ou talvez a chamassem de casa abandonada com direito a fantasmas assustadores. Mas a única assombração real era o medo de que seu lar fosse destruído e por algum motivo banal a expulsassem de lá. Ela morava naquela casa antiga há quase três anos. Foi um período difícil. Estava sozinha e carregava no ventre uma criança. Seus pais não entenderam que era fruto de um amor, nem seu parceiro sequer aceitou isso. Ele insistiu para que aquele pequeno ciclo da vida fosse interrompido, mas ela se recusou. Comprou com o pouco dinheiro que tinha a pequena cabana. Para sobreviver produziria e venderia pequenos artefatos místicos, uma coisa que sempre a interessou. Por ser sua, e em parte por sentir-se como ela, decorou toda a cabana do seu jeito. Transferiram-se os mistérios de uma para a outra. Não se sabe ao certo quem dominava. Escreveu numa parede uma música que representava o caminho mais rápido para o seu inf