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Mostrando postagens de 2016

Quem morre se engana

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Quem morre se engana. Não passa o tédio, nem enaltece o drama daquele infinito particular ou coisa qualquer que inventaram para nos aprisionar. Apinhados entre barras de ferro, atados a nossos próprios instintos, caminhando por um percurso doloroso, atrozes e como lobos famintos. Estamos destinados, será? A morrer de amores e trepidar na intensa chama que se aquece ao luar, num falecimento múltiplo e sem pudores de tudo o que nos foi ensinado para se preservar. Mas para a nossa sorte, depois da morte indecifrável há sempre um ressurgimento. Como uma fênix, talvez. Aquela que ressurge das cinzas e joga beijos de esperança  aos outros pássaros que sonham com a sua magnitude. Quem morre também revive. Acontece o nosso ciclo da vida, esse trapaceiro! Morremos e revivemos a cada novo dia. Adquirimos experiências (boas e ruins) e construímos uma vida nova. Com base em artefatos das outras vezes em padecemos. Quem morre se engana ao achar que morrer é reviver sem nenhuma

O Vestido de Julieta

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Nem bolas, nem sapatos de cristais De uma vasta vinícola Percebia tudo por altos vitrais Numa pequena propriedade agrícola Seus olhos se enchiam de paixão Ao doce galanteio Das palavras escritas à mão Por um jovem um pouco alheio Tomou-se por sentimentos O amor outrora misterioso Um coração sempre atento Tornou-se o oráculo frondoso Cartas e bilhetes sem fim Pousavam na sua janela Declarações de um querubim As rosas, as violetas e as aquarelas Escolhera seu vestido mais bonito A pulsação ribombava Não vira seu rosto aflito Na ansiedade do momento que esperava Apertou bem forte o seu laço Por fim de tanto anseio Desejava um caloroso abraço Queria um longo beijo Ah! O vestido de Julieta, Esperando o seu Romeu. Gabriela Aguiar

Alma Ferina

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(Pintura de Hamish Blankely) Gestos taciturnos A boca sexy se abre em desdém Os olhos da gata noturna Se estendem para mais além Batom vermelho vibrante Voz rouca encantadora Quadril delineante Moça ardente, sedutora Olhos de lince selvagens Garras de uma boa caçadora   Mente  brilhante  em margens Língua ardilosa, reveladora Coração mundano E alma ferina Gabriela Aguiar

Na Trilha do Palhaço

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Ando meio descabelado Lembro-me de quando menino Sem graça, empoeirado No picadeiro do meu desatino Calcei os grandes sapatos Enfrentei os maiores percalços A veste colorida Ah, sim! A roupa da vida! Andei várias milhas Coloquei o nariz vermelho Por incertas trilhas Esquecia o olhar no espelho Fui menino esquecido Encontrei um laço Hoje quase perdido De um errôneo palhaço Gabriela Aguiar

Álvaro Vince, sem roteiros (Parte V)

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- Você é esquisito. Álvaro segurou o sorriso para não parecer muito debochado e ofender a moça. Bebericou sua xícara de café e pacientemente abriu o jornal. Notara que a moça esperava uma resposta, mas simplesmente quis fazê-la esperar. Ela o socorrera quando estava caído sozinho na praça e não contara para ninguém, assim como ele havia lhe pedido. Pediu um café e uns biscoitos no quarto para ter um momento a sós com ela, sem levantar suspeitas e para analisar por quanto tempo ainda manteria de sua palavra. Débora não lhe enchera de perguntas, nem tampouco mencionou nada que lembrasse a noite anterior. Apenas trouxera o lanche e ficara em silêncio por um bom tempo, quando ele lhe pediu para esperar. Depois de não mais aguentar ficar calada, disse algo que ele não esperava. Ela com certeza era bem diferente. - É o que sempre dizem – Falou após sua pequena reflexão, enquanto passava os olhos pelas notícias sem prestar atenção em nenhuma. - E você não se incomoda? – Ela arq

Carta ao amor (que não quero que vá embora)

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Minha querida,             Teus olhos já não refletem mais os nossos dias ensolarados de domingo. Mas lhe peço meu amor, que não os esqueça. Mesmo que dentro de ti haja uma tempestade furiosa, gritando aos teus ouvidos que nada valeu a pena.             Escrevo esta pequena carta como uma súplica, dessas que saem baixinhas, mescladas com palavras simples, mas com muitos significados que nós dois conhecemos muito bem. Elas fluem do meu coração, assim como toda a sinceridade que contém aqui.             Não sei exatamente qual foi o ponto que as coisas começaram a ficar diferentes. Não sei em qual dia tomaste a decisão de desistir da nossa vida como um casal e resolveste deixar para trás todos os nossos planos, sonhos e ambições.             É bem certo que já não somos tão jovens assim. Ainda mais quando filhos nos implicam responsabilidades ainda maiores e nos fazem amadurecer mil degraus em pouquíssimo tempo.             Quero declarar aqui o que deixei de dizer em mu

Poeta e contradições

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Fez-se encanto Transformou-se em poesia Dedicou-se a prosa Obedeceu cada verso Abriu a carta Silenciou a mensagem Epígrafe de coragem Sorteou um zelo epistolar Cansou-se de gravuras Puxou a literatura Sonhou o cordel Rimou com o céu Distraída e alternada Uma hipérbole calada No eufemismo do exagero Bebeu o poeta por inteiro