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Mostrando postagens de janeiro, 2013

Querido diário,

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               Há quanto tempo não lhe escrevo? Provavelmente desde que era criança. Hoje resolvi voltar a contar coisas decifráveis para um caderninho, o qual espero que ninguém leia. Antes o escondia nos lugares mais difíceis possíveis, debaixo do colchão, no fundo da gaveta ou dentro de um livro bem grande. Afinal, meus maiores medos deveriam ficar bem guardados para que ninguém soubesse o pavor que tinha de ficar sozinha no escuro.             Não posso esquecer também que discorria para falar das minhas paixões, por pessoas, coisas e algum príncipe inexistente. Pois bem, a cada dia descubro novas coisas das quais gosto e as vezes esqueço algumas que antes amava. O tão sonhado príncipe talvez tenha mudado um pouco. Ele não tem cavalo branco, nem é alheio a sua própria vontade. Foram adicionados a ele uma dosagem uniforme de realidade e uma quantidade de ironias e sorrisos.             Quanto aos meus sonhos ainda continuam os mesmos, com alguns acréscimos e uma quantidad

Asas e rimas

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Escrever por horas me perturba o juízo Em dias chuvosos de puro desdém As palavras inocentes caem como granizo Na folha branca que não a contém Quem me dera poder fazer algo mais Sentidos cruzados de uma prosopopeia Fantasias e máscaras de coloridos carnavais Talvez se admirasse a curta odisseia Asas esculpiram-se da fina coluna Pequenas, para não chamar atenção O céu preencheria uma grande lacuna Que há tempos brota de solidão E daqui partem rimas intercaladas Ricas, pobres, doentes, aflitas! Mas por dever  foram galgadas Em simples casas de palafitas Gabriela Castro Lima Aguiar

Com certeza não se governam sentimentos

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- Eu acho.             Ela amava dizer. Ele odiava ouvir.             - Por que você não tem certeza? Você não tem querer não? Desejo de que as coisas aconteçam?             Ela suspirava. Não é que não quisesse, não que não desejasse. Só não tinha segurança suficiente pra dizer o que aconteceria, na verdade, ela julgava que era impossível prever o futuro, por isso evitava dizer coisas concretas. Não havia um porquê, ou talvez houvesse mesmo, mas não queria pensar muito sobre isso.             Ele não entendia. E isso o confundia. Sempre tinha certeza de tudo, se queria alguma coisa ele dizia e ponto. Ter medo de que? O importante era ser feliz. E escolher ser feliz era uma opção tanto racional quanto passional. Aquela menina já estava torrando todos os seus neurônios.             - Você acha que eu tenho algo a esconder de alguém?             - Não. É só que...             Ela não sabia como terminar a frase. Na verdade, até sabia sim, mas não queria que suas palav

Escorpiões no aquário

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Uma sorria, A outra, ironia Um simples paradoxo transversal No contraste mesclado do preto e branco Venenos suavizados de escorpião Borbulhas incandescentes de aquários Deixou-se picar pela forma envolvente Decidiu mergulhar nas águas intensas Filmes amontoados em uma velha estante Violão, guitarra e cordas vibrantes Trilhas sonoras de incalculáveis poesias Driblando a irreverência de tristes contos Lisos cabelos dando voltas em cachos Formando o pensamento de algum propósito Dramas que vão de choros a gargalhadas Seguindo assim, até... Sem ponto final Gabriela Castro Lima Aguiar

Subia e descia a ladeira

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Subia a ladeira com suas chinelinhas de borracha. Desviava de algumas pedras soltas no caminho. Ao longe avistava uma grande construção, seu objetivo de chegada. Pensava consigo mesmo sobre as coisas engraçadas da vida e as que não tinham diversão alguma. E chegou a conclusão que elas por vezes se entrelaçavam num grande círculo de terra.             Aflições lhe vieram. Olhou para o céu, as nuvens estavam esparsas, formando desenhos distintos. Ela sorriu. Jurou ter visto um camelo. Recordações da infância, as pequenas brincadeiras de desenhos, por um momento contemplou. Era interessante deixar-se passar um tempo assim. Sorriu novamente e quando se deu conta estava perto da construção humana para contemplar o Divino.             Era um prédio antigo com traços do barroco ou rococó, não quis quebrar a cabeça com isso, apenas admirou. As torres com grandes sinos pendurados pareciam tocar o céu. A intenção talvez fosse essa mesmo. Não saberia explicar o artista, mas conseguiria