Subia e descia a ladeira
Subia a ladeira com
suas chinelinhas de borracha. Desviava de algumas pedras soltas no caminho. Ao
longe avistava uma grande construção, seu objetivo de chegada. Pensava consigo
mesmo sobre as coisas engraçadas da vida e as que não tinham diversão alguma. E
chegou a conclusão que elas por vezes se entrelaçavam num grande círculo de
terra.
Aflições
lhe vieram. Olhou para o céu, as nuvens estavam esparsas, formando desenhos
distintos. Ela sorriu. Jurou ter visto um camelo. Recordações da infância, as
pequenas brincadeiras de desenhos, por um momento contemplou. Era interessante
deixar-se passar um tempo assim. Sorriu novamente e quando se deu conta estava
perto da construção humana para contemplar o Divino.
Era
um prédio antigo com traços do barroco ou rococó, não quis quebrar a cabeça com
isso, apenas admirou. As torres com grandes sinos pendurados pareciam tocar o
céu. A intenção talvez fosse essa mesmo. Não saberia explicar o artista, mas
conseguiria dar a sua interpretação para a arte. Sentiu paz. E aquela coisa
grandiosa que as pessoas definem numa palavrinha bem pequena, fé. Permaneceu um
período inerte ali, até decidir que era hora de ir.
Descia
a ladeira com suas chinelinhas de borracha. Viu o mar, bem lá embaixo se
chocando com as pedras e depois beijando a areia. Felicidade. Um ritmo habitual
e quase imperceptível. Simples como as ondas brancas que se formavam ao raso e
imenso como o verde que se estendia e se confundia com o azul do céu.
Suspirou.
Tudo acontecia como tinha que ser, independente da vontade incomum dos que
respiravam o mundo. Cabia aceitar e entender o melhor ângulo para todas as
ocorrências. Os olhos brilharam na ladainha do de repente. Sorriu novamente e
continuou em direção ao mar. Precisava de um mergulho.
Gabriela Castro Lima Aguiar
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