Álvaro Vince, sem roteiros (Parte II)
Bateram à porta do seu
quarto. Pelo horário devia ser o serviço do hotel trazendo o jantar. Eram
pontuais e ele gostava disso. Abriu a porta e deu de cara com os olhos negros e
sombrios, era um hotel bem pequeno, a camareira deveria exercer várias outras
funções, ele presumiu.
- Sr. Vince, o jantar
que foi pedido. – Ela apontou com a cabeça para a bandeja de comida.
- Pode entrar e servir
na mesa que está vazia - Ele respondeu seco.
A mulher um pouco baixa
e muito séria entrou no quarto e começou a preparar a mesa para o jantar.
Álvaro observava-a atentamente, ela seria uma boa inspiração para algum
personagem. Tinha certeza disso.
- Algum problema
senhor? – Ela indagou-o com o rosto duro.
- Não. Qual seu nome?
- Débora – Ela foi
incisiva.
- Combina com você.
- Dizem – Débora deu
uma resposta inconclusiva– Tudo pronto aqui. Boa noite e boa ceia – Pegou a
bandeja vazia e retirou-se batendo a porta.
Álvaro achou curioso
uma mulher que falasse tão pouco, principalmente na frente de um “artista”. Não
lhe pedira autógrafos, não lhe fizera perguntas, nem mesmo respondera direito
as que ele tinha feito. Deu os ombros deveriam tê-la treinado para trabalhar
para ele, já que todos sabiam da sua fama de reservado.
Sentou-se a mesa e
demorou um pouco mais do que o normal para terminar de jantar. Às vezes
perdia-se entre a mastigação e um desejo repulsivo de ir acertar as contas com
o seu pai. E isso não estava dando certo. Enquanto tudo não estivesse resolvido
ele não conseguiria se focar no seu trabalho. E o velho Getúlio conseguiria a
atenção, confusão e dinheiro que ele queria.
Resolveu dar uma volta.
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