Meu companheiro, travesseiro.
E de imaginar um mundo
feliz meus sonhos estão povoados, à noite quando finalmente encontro meu
companheiro, posso balancear tudo o que foi e aquilo que poderia ter sido.
Tenho um tempo incalculável para decifrar ou compor histórias corriqueiras,
daquelas que ninguém se perceberia a beleza, por estarem ocupados demais. Então
afundo a cabeça no meu travesseiro.
Algumas vezes o dia me
traz situações angustiantes e a minha inquietação percorrer mordaz noite
adentro. Viro-me sem ritmo algum no coitado companheiro, que aos poucos vai me
acalmando, a minha mente se esvazia de preocupações e aos poucos o sono vem
chegando. Transporta-me então para outra dimensão muito desejada.
Há dias em que a
tristeza persiste em seguir meus passos e caminhar ao meu lado. Neles, inundo
meu pequeno companheiro com lágrimas que por hora são hostis, em outras febris.
Ele sempre ouve todo o meu pranto, até que tenham cessado todas as minhas
lamentações. Sutilmente me acalenta e assim adormeço, regressando ao meu mundo
de sonhos, que pode ser provido de uma luz radiante.
Existem também casos de
alegria fulminante, que me instiga e faz ficar repassando milimetricamente tudo
o que aconteceu. Nesses dias de sorrisos bobos e sem motivo aparente algum, meu
companheiro recebe abraços gratuitos, gargalhadas e um brilho nos olhos. Devido
à ânsia que me completa e abstrai, demoro um pouco para cerrar meus olhos, mas
ele não se importa, pois está feliz por mim.
Meu companheiro é
assustadoramente fiel. Conto-lhe tudo, não há segredos entre nós e mesmo quando
as palavras não são pronunciadas, ele consegue captá-las de uma maneira
surpreendente. Ele é paciente, por mais que eu lhe dê trabalho para dormir.
Está comigo sempre que preciso, ou tarde da noite ou cedo da madrugada. É com
ele que divido meus piores sonhos e meus melhores pesadelos. Honestamente
confessando, é o lugar mais seguro do mundo.
Ah, querido
travesseiro! Você merece essa tenra demonstração de afeto. Porque não importa a minha alegria, tristeza ou angústia, é sempre pra você que eu corro.
Gabriela Castro Lima
Aguiar
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