O caso de Maria: o sucesso incomoda.

O sonho de Maria era ter sucesso na sua carreira. Trabalhava arduamente numa empresa, dia e noite se fosse preciso. Ela era realmente empenhada em conseguir alcançar seus objetivos. Determinada, diriam.

            Um dia, uma colega de trabalho comentou com Maria que estavam falando que ela tinha um caso com outro funcionário da empresa. Bem que ela queria mesmo ter um caso com alguém, mas a Maria, coitada, não tinha tempo para isso. Estava tão focada em crescer no trabalho que nem pensava nessas coisas.

            Ao receber a notícia ela não se importou, achou que era uma coisinha pequena, que alguém havia interpretado mal as coisas. Mas aí os burburinhos começaram a crescer, se espalharam pelos corredores, pelo refeitório. Começaram os olhares tortos das mulheres hipócritas e os comentários maldosos dos homens inescrupulosos. “Quem diria, a Maria, hein?”.

             Maria já não estava mais sabendo lidar com a situação. Os dias na empresa que tanto gostava estavam se tornando um fardo pesado demais. Ela já não conseguia produzir seu trabalho e nem dormir a noite. Todas aquelas vozes e olhares ficavam lhe perturbando. E não adiantava que ela dissesse que era mentira, as pessoas não queriam acreditar e pronto.

            Ela não tinha mais forças para ir à empresa. O seu sonho estava ruindo. Maria não tinha vontade nem de sair de casa. Logo ela, que sempre fora tão determinada, agora se sentia destroçada e com medo de tudo.

            Pediu demissão. O chefe, que estava viajando e, por consequência, sem saber de nada sobre a confusão, não acreditou. “Mas a Maria, a funcionária mais proeminente dessa empresa?”. Pediu que a chamassem em sua sala.

            Tiveram uma conversa franca. Maria chorou. Não aguentava mais a situação. O chefe pediu um tempo para conseguir conversar com os outros funcionários e promover algumas palestras dentro da empresa sobre fofocas no ambiente de trabalho. Pediu que Maria levantasse a cabeça e não desistisse por isso. Ele também lhe deu a notícia que já era esperada: Maria seria promovida.

            Os primeiros dias foram difíceis. Demorou para que a rotina de Maria se reestabelecesse, mas as pessoas foram pacientes com ela. As mulheres hipócritas pararam de cochichar, mas ainda olhavam torto. Os homens inescrupulosos continuaram com seus pensamentos vulgares, não precisavam nem de algum motivo para tê-los. Mas Maria percebeu que eles tinham inveja do seu sucesso e continuou trabalhando para lhes dar a melhor resposta: crescia cada dia mais, mesmo que tentassem derrubá-la com boatos maldosos.

            Afinal, Maria era mesmo determinada e alçaria voo. Enquanto as pessoas que viviam de fofoca permaneceriam para sempre naquele estado de alma miserável, que para chegarem em algum lugar precisavam derrubar os outros. Eram incapazes de conseguirem sozinhos. Mas nunca teriam sucesso na vida. Seriam pessoas frustradas. A Maria seria feliz, não precisou de nenhuma artimanha suja para chegar aonde chegou.

Gabriela Aguiar