Não seria não
Não seria não
Aos 40 anos, um rosto
sério
Enlaçado com
cicatrizes do tempo
Outrora não muito
gentil
Erguendo sob o nariz,
óculos quadrados
Aos 20 anos, com um
sorriso sincero
Sem preocupações
constantes
Num ideal arbitrário
da vida
Com sonhos bonitos do
futuro brilhante
Aos 40 anos, num
instante simples
Lavando a vida
devagar
Perfazendo cálculos
extensos
Sem aspiração para a
poesia
Aos 20 anos, com toda
a sensibilidade
Num intrínseco de
vaidades
Escrevendo notáveis
poemas
Preenchendo espaços
incalculáveis
Aos 40 anos, um olhar
severo observava
Numa barreira
impenetrável de concreto
Sonhos falhos e
memórias gastas
Ausência absurda de
afeto
Aos 20 anos,
estendendo sua mão
Na compreensão de
defeitos de outrem
Vivendo num mundo
pequeno
Restrito demais para
alçar voo
Aos 40 anos, um
senhor temido
Com a voz forte e
vibrante
No charme que a
juventude não perdera
Tornara-se frio e
triste, uma pena
Aos 20 anos,
refletindo sobre a criação
Num reflexo do seu
rosto no espelho
Com lágrimas em seus
olhos vermelhos
Igual aquele homem
não seria não.
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