Retrato
Estava
totalmente perdido na imensidão desenfreada do destino.
Ontem
era apenas um menino. Veloz no seu caminhar e sem muito no seu pensar.Hoje, com
sábias palavras sobre experiências vividas em tempos de alegrias contidas, no
velho alcance do quebra-mar.
Eram
poucos passos para a sina enfadonha, chorando a velhice, o passado e a vergonha
do lar descontínuo. Os braços não alcançavam mais os sonhos. O futuro era
triste e medonho, não fazia jus ao que fora prometido.
Não
sabia nada sobre a morte, nem tampouco tivera a sorte para acolher um bom
amigo. O frio invadia a madrugada. O clarão da velha estrada dava um toque
sutil ao luar.
Nunca
fora sereno, nem mesmo quando pequeno. Criança não voltaria a ser. O cheiro
maternal lhe lembrava o abuso. O pai, ele nunca voltara a ver.
Os
olhos amendoados da menina na escola, sua lembrança mais feliz durante toda a
vida. O adeus precoce sem causa remediada. Com a dor premeditada. A lembrança
mais triste e a ferida incurável.
Sobrevivera
por muitos anos mais que a amada. Para provar que a vida estava toda errada, ao
trazer sofrimento a uma alma inocente.
Cerrou
os olhos devagar. Era chegada a sua hora. Seria feliz de novo! Veria os olhos
amendoados com os quais tanto sonhou.
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