Bom dia linda roseira, como vai rosa faceira?


                Era assim que minha avó minha acordava.
A nossa tristeza não é porque minha avó se foi, até porque ela está num lugar bem melhor.  A nossa dor é só saudade. Saudade dos sorrisos, das cantigas, das histórias, dos beijos de bom dia e dos cheiros de boa noite.  Do pedacinho de pizza, só um pedacinho, bem quente. Das azeitonas no almoço. Das lavandas. Das blusas rosa, vermelha, verde e preta. Da sandalhinha de abotoar. Das tangerinas. Dos óculos roxos. Do relógio que quase não fechava no pulso. Da gargalhada alta. Das perguntas sobre o cumprimento das roupas.
                A minha avó não vai mais perguntar se o batom está borrado ou se o blush tá muito forte. Mas ela nunca vai sair do meu coração e das minhas melhores lembranças. Na verdade, eu posso ouvi-la cantando, posso sentir seu abraço ou seu cheiro. Porque as coisas boas sempre ficam.
                A verdade é que seu batom nunca esteve borrado. O blush nunca era exagerado. O perfume era sempre bom. E os olhos estavam sempre banhados por um sorriso gigante. As janelas da alma nunca foram tão sinceras e as portas do coração nunca foram tão receptivas antes. Agora só podemos orar, para que no céu ela seja tão amada quanto aqui.

                Je t’aime.

Gabriela Castro Lima Aguiar

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