A mesma ignorância de achar que muito sabe

Então você percebe que as pessoas mudam com decorrer do tempo, inclusive, você também está incluso da lista de alterações. Algumas são bem pequenas, outras são exorbitantes e expressas apenas em muitas palavras. Nada continua do mesmo jeito, nem aquela árvore plantada na memória da sua infância possui mais as mesmas formas. Ainda bem!

Não sei se com vocês também é assim, mas eu tenho um pavor enorme de “mesmice”, aquela coisa chata das mesmas visões de sempre, do mesmo comportamento oriundo de uma única opinião e da velha maneira de agir baseada em lições que nunca existiram. Até uma colcha de retalhos muda, porque não podemos sofrer transformações também? Isso não significa que é para uma vertente inferior ou para um caminho que não seja tão bom assim.

Na verdade, aliás, na minha concepção de verdade, pessoas que passam por esta vida  com as mesmas ideias que possuía desde o início ou é muito sábio ou é ignorante. Pois, para mim, é impossível conhecer novas culturas, novos povos, novos lugares sem mudar a mentalidade que tínhamos antes. Porque o conhecimento adquirido a partir daí, nos faz ter uma nova ideia sobre o mundo, com perspectivas em ângulos diferentes. O círculo vai se estendendo, a mente é capaz de compreender o que antes não era sequer imaginável.

Não estou querendo dizer que as transformações sejam radicais, que você nasce uma pessoa e quando morre é outra totalmente diferente. É quase isso, mas não tão generalizado assim. Por exemplo, sua essência é algo que deve permanecer inalterável, pois é uma característica sua, como se fosse uma tatuagem exposta para quem quiser conhecer. Saber qual é a essência é de um todo particular que não posso discutir nesse texto, mas é algo descrito como “jeito de ser”.

 É uma questão de vivência, apenas. Melhorando o termo, diria que é uma questão de convivência e isso acrescenta muito no nosso conhecimento. Nossos pré-conceitos são diluídos numa fórmula em que o entendimento parece estar mais viável, mais próximo da linha de raciocínio. As interpretações passam a ser mutuas e consequentemente nossa teimosia se ameniza em fatos.

O tempo é com certeza o fator mais importante para que ocorram essas mudanças que acarretam indiretamente no nosso crescimento intelectual. É uma margem estabelecida de limites a serem quebrados e demonstrados. Tudo faz parte de uma pequena evolução dentro de nós mesmos. Por isso retomo o que digo, quem nunca muda nenhum fio de pensamento ou é muito sábio ou um ignorante, só que agora acrescento, um ignorante completo.

Gabriela Castro Lima Aguiar