Para Joaquim...

              
             Para Joaquim,

     Olho para o chão, milhares de papéis jogados e centenas de palavras amassadas. São todas consequências de uma mente insensata, com palavras incompletas e frases malditas.
                Foram diversas as tentativas de escrever-te esse bilhete, mas na minha cabeça só sussurravam zumbidos e imagens desconexas. Prontifiquei-me a organizar, não só as palavras, mas também as recordações. E, novamente, a caneta voltou a rabiscar e preencher o espaço branco do papel. Seria tão agradável se fosse fácil assim completar outros vazios... Então, outro devaneio e, pronto, mais um arremessado para completar a coleção.
                A rotina se restabelece, assim como alguns pontos molhados em meus olhos. Dessa vez não são só os dizeres que borram e extrapolam da carta, os meus sentimentos gritam a tal ponto que já não posso ouvir a música que coloquei ao fundo.
              Pego com os dedos trêmulos as pontas do papel e ameaço a dar-lhe o mesmo desfecho dos outros, porém uma força maior me impede e continuo a rabiscar em letras apressadas.
             Depois de finalmente chegar ao tão ensaiado fim, dobro-o com cuidado e o coloco em um lugar onde possas ver. Espero que compreendas e que sejas feliz, porque embora tarde, deixo-te para ir atrás dos meus sonhos. Sei bem que a fuga é a maior prova da minha covardia, mas é preciso.
          PS: Não tenho a falsa esperança de que venhas a me perdoar, apenas peço que confie em mim, porque se meu destino for em teus braços, voltarei.
             Beijo de quem te quer bem,
                    Silvia

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